sábado, 13 de dezembro de 2008

Ciúmes: tempero ou veneno?

As pessoas costumam dizer que o ciúme é o tempero do amor, aquela pitada que incrementa e faz com que o interesse mútuo permaneça aceso. O ciúme e o amor andam de mãos dadas. Em doses normais serve como uma medida de segurança, no entanto, a sua ausência ou o excesso pode ser um veneno fatal para o relacionamento.

Durante muito tempo o ciúme era considerado um sentimento eminentemente masculino: o homem sempre tentou controlar a sexualidade da mulher para que ela não gerasse filhos com outro parceiro - fora do casamento. Havia a preocupação com os danos a sua imagem ferindo o orgulho masculino.

O ciúme por parte da mulher era por receio de que o homem volúvel a privasse da sua proteção.

O que provoca ciúme nos homens é normalmente diferente do que desperta esta emoção nas mulheres. Os homens são mais sensíveis àquilo que diz respeito à posse física do corpo da sua parceira. Um homem dificilmente perdoa a uma mulher que consuma a infidelidade, ou seja, que chegue ao ato sexual com outro homem.

As mulheres tendem a ser mais sensíveis à intimidade psicológica do envolvimento emocional do homem. Não é preciso que este envolvimento chegue à cama. As mulheres sofrem quando o seu parceiro se dá emocionalmente a outra mulher, dedicando-lhe atenção, tempo ou outros recursos relacionados com a afetividade.

O ciúme é considerado normal quando surge em resposta a um estímulo externo que tem raízes na realidade. É aceitável quando não faz sofrer permanentemente e, portanto, é um sentimento que deve ser passageiro. Quando a relação é sadia os dois tocam a sua vida, estudam, interagem com outras pessoas, saem para trabalhar e voltam para a relação com novidades, fazendo com que a distância os deixe mais ricos entre si. Um torce pelo sucesso e pela felicidade do outro.

O ciúme é considerado patológico quando é levado a extremos. Quando é fruto da imaginação e vive de reações descontroladas e sufocantes. Quando há um investimento afetivo e emocional na relação é natural que a ameaça de perda do outro dê origem a esta emoção.

O ciúme passa do normal ao patológico quando passa a fazer mal para a relação levando o parceiro, muitas vezes, a se afastar para poder respirar. Na ânsia de não perder o seu amor passa a tolher sua liberdade e a ferí-lo com suspeitas e acusações infundadas. O ciumento perde o controle da situação. Ele passa a ter atitudes infantis e irracionais decorrentes de dificuldades emocionais que podem estar relacionadas a sua infância.

A síndrome do “agarramento” acontece no primeiro ano de vida, quando o bebê começa explorar o mundo e tem necessidade de agarrar-se à mãe: alguns homens agarram-se tanto às mulheres, como agarravam às pernas da mãe, demonstrando um medo antigo de serem abandonados.

Outra situação de ciúme doentio provém de um complexo de Édipo mal resolvido: entre os quatro e seis anos, a criança identifica-se com o pai e tem ciúmes dele pela atração que ele exerce sobre a mãe. Na idade adulta, essas frustrações podem reaparecer sob a forma de possessividade em relação ao parceiro, raiva ou mesmo paranóia.

Características do ciumento:
Geralmente, tem baixa auto-estima, vê o rival, potencial ou real, dotado de qualidades superiores. As mulheres dão mais importância à estética, ao fato de a outra ser mais jovem ou mais bonita, enquanto que os homens fazem a comparação com o poder, o dinheiro e a capacidade sexual.

A pessoa excessivamente carente e insegura aceita passar por situações de humilhação, controle, competição, crueldade e dor em prol do relacionamento. Vive angustiada, insegura e na expectativa do que vai receber do outro. Se receber menos certamente haverá cobrança. Ao invés de dar amor ao outro, passará a dar suas inseguranças e carências, muitas vezes, disfarçadas em comportamentos autoritários ou de ciúmes. A insegurança é a grande responsável pelo ciúme.


Outros tipos de ciúme:
Ciúme dos amigos: A pessoa excessivamente ciumenta não suporta programas feitos na companhia dos amigos. Está sempre exigindo exclusividade e tentando mostrar que prefere um programa a dois.

Tempo do outro: Um tipo de ciúme bastante comum. Marido que sai todo final de semana para pescar ou ir ao futebol.

Êxito profissional da mulher: Muitos homens ainda têm dificuldades para aceitar o sucesso feminino, principalmente se a mulher ganha mais do que ele.

Sogra: Muitos casamentos terminam em divórcio porque houve excessiva influência da sogra.

Nascimento de um filho: O nascimento de uma criança pode dar origem a ciúmes por parte do cônjuge que se sente destronado.

Ciúme do passado: O sujeito que tem ressentimentos em relação à pessoa que tirou a virgindade da sua amada. A mulher que casa com um viúvo e que tem ciúmes da falecida.

Ciúme do futuro: A pessoa que chega até a adoecer só de pensar que se ela morrer o parceiro ficará com outra pessoa.

Ciberciúme: Muitos parceiros entram em salas de bate papo e estabelecem uma relação de intimidade com outra pessoa, naturalmente, sem o conhecimento do parceiro. O problema é quando sai da fantasia e passa para o contato real.

Sinais de perigo:
Indícios de ciúme exagerado:

- Começa a estruturar a vida em função do ciúme.
- Se sente angustiado, inquieto, ansioso por não conseguir controlar o parceiro.
- Não aceita que o seu parceiro faça um programa sem a sua companhia.
- Sente a necessidade de saber constantemente onde o outro está.
- Está sempre confirmando com os amigos se estiveram juntos.
- Não respeita a intimidade do seu parceiro revistando as suas coisas íntimas: gavetas, carteiras, roupas, celulares ou e-mails.
- Está sempre criando situações para o apanhar em flagrante.
- Não confia em nada que o seu parceiro diz. Desconfia de tudo e de todos.
- Arma uma cena de ciúmes sem motivos.

A anatomia do ciumento:
Aspectos negativos:

- sentimento de culpa - stress emocional - stress físico
- raiva
- tensão no relacionamento
- emoções descontroladas
- constrangimento público
- violência física
- perda do parceiro

Aspectos positivos:
- leva a um exame sobre a saúde da relação
- ensina a dar valor ao parceiro
- pode ser visto como um sinal de amor
- faz com que o parceiro se sinta mais desejado
- pode renovar um relacionamento mais desgastado
- faz com que o parceiro se sinta vivo
- pode tornar a relação mais duradoura

Como lidar com o ciúme:
Quando você se sente a vítima:
- Ajude a pessoa amada a refletir por qual motivo, se realmente existe amor, ela não consegue confiar em você.
- Toda vez que for interrogada diga como se sente.
- Nunca caia na tentação de abrir mão daquilo que o ciumento pede para renunciar, achando que vai eliminar o problema.
– Mostre a ele o mal que as suas atitudes fazem para o relacionamento. Faça-o entender que se não conseguir mudar o seu comportamento deverá buscar uma ajuda terapêutica.

Alguns cuidados preventivos:
- Jamais confessar uma traição.
- Não contar as peripécias sexuais e nem o número de parceiros.
- Saber portar-se e vestir-se adequadamente.
- Não ficar desligando o celular quando juntos.

Quando a dor de amor o incomoda:
- O primeiro passo é avaliar o que está sentindo. - Exprima o seu ciúme. Fale abertamente do que está sentindo, e porque é que esta emoção foi despertada.
– Converse sempre de forma racional prestando muita atenção à sensibilidade do outro.
- Analise se esta emoção mexe com alguma lembrança ou ferida do passado: como um trauma vivido anteriormente, a lembrança do sofrimento com a infidelidade de um dos pais, se foi traído em algum dos relacionamentos passados ou se não se sente capaz de manter o interesse do seu parceiro.

Lembre-se de que o respeito e a confiança são a base de uma relação saudável. O aprisionamento quase sempre leva à curiosidade do que está lá fora, podendo levar a infidelidade.

Marlene Heuser
É Consultora de Relacionamento Amoroso e Interpessoal.

domingo, 7 de dezembro de 2008

SEXO NO PRIMEIRO ENCONTRO, SIM OU NÃO?

Olhares insinuantes, um papo tão interessante que parece que já se conhecem há séculos. O desejo aflora e a dúvida também: ir ou não para a cama?

Apesar de todo o modismo dos dias de hoje e da pressão para que exista intimidade sexual já no primeiro encontro, na verdade esse é um assunto extremamente complexo que causa muitas dúvidas e preocupações.

A lei do desejo ainda beneficia o homem. Para ele querer sexo no primeiro encontro é considerado normal. Para uma mulher, ainda é complicado porque ela pode ser considerada “fácil”, ou seja, o seu valor social fica comprometido em função do seu comportamento sexual. A mulher autoconfiante que busca ser espontânea em relação ao seu desejo, sem se preocupar com o que os outros pensam, pode ser mal interpretada pelo pretendente.

É importante frisar que, em geral, o sexo no primeiro encontro não traz grandes benefícios. Tudo vai depender do que se espera desse primeiro encontro. Se ambos estão em busca de aventura, podem ter uma noite quentíssima. Se a mulher vai para a cama com a expectativa de que este parceiro pode vir a ser o seu grande amor, corre o risco de colher uma grande decepção. No dia seguinte vai aguardar ansiosa um telefonema, que pode não acontecer. Ou até ficar dias idealizando um romance que não existe.

No sexo casual ou sem compromisso impera a sensualidade e o prazer, sem envolvimento afetivo ou emocional. Ninguém tem que provar nada a ninguém.
Muitas vezes, o sexo pode acabar acontecendo no primeiro encontro movido por impulso, seja pelo encantamento do momento, pelo excesso de bebida ou por uma questão de auto-afirmação.

É perceptível que lentamente está acontecendo uma mudança de mentalidade. Muitos homens se posicionam de forma firme quando não estão disponíveis para o sexo, sem comprometer a sua virilidade. Algumas mulheres não estão mais dispostas a reprimir os seus desejos e deixam claro que sabem diferenciar sexo e compromisso.

Mas é claro que toda regra tem a sua exceção. Às vezes, o encantamento e a atração são tão irresistíveis que o casal acaba indo para a cama logo de cara. Nesse caso, vale lembrar que o uso do preservativo e de métodos contraceptivos é fundamental para assegurar sexo prazeroso e seguro. A sintonia pode determinar se haverá ou não continuidade. Muitas histórias de amor tiveram início na cama, no primeiro encontro.

Na dúvida, é melhor não arriscar. Se o interesse é ter um relacionamento sério, o ideal é dar um tempo para se conhecerem um pouco melhor. Até porque um relacionamento sólido se constrói no decorrer do tempo, enquanto cresce o envolvimento afetivo e a intimidade sexual. Sem pressa e sem ansiedade a sexualidade pode ser um importante fator de sustentação e fascínio no relacionamento amoroso.

Por isso, é muito importante que se dêem a oportunidade do conhecimento mútuo antes do sexo. Cada um tem o seu próprio tempo que deve ser respeitado. Não faço referência a fazer gênero, se mostrando inacessível, assexuada, ou apenas para se mostrar difícil. Instintivamente a pessoa sabe o melhor momento e a melhor hora para a intimidade acontecer. Quando o exercício do amor acontece como fruto do companheirismo e da cumplicidade, dar e receber será uma fonte de prazer. E a entrega de corpo e alma passa a ter um significado todo especial.

Marlene Heuser
Consultora de Relacionamento Amoroso e Interpessoal.
marlene@marleneheuser.com.br
41-3274-2131