domingo, 15 de fevereiro de 2009

Para preservar o amor os casais precisam fazer o óbvio, namorar

Quando a chegada nos remete ao ponto de partida

Nem sempre é fácil, mas é preciso ter muita coragem e determinação para querer ao final da jornada reiniciar. Parece um paradoxo, mas quando imaginamos ter alcançado o objetivo traçado, nos surpreendemos ao descobrir que a caminhada somente nos fortaleceu em experiência e não na conquista dos sonhos que almejamos.

Investimos o melhor de nós apostando na estrada a ser trilhada, convictos de que o outro estará caminhando ao nosso lado para sempre. Sonhamos juntos e vamos à luta para a construção dos nossos sonhos comuns. Um relacionamento estável e duradouro, uma família feliz e um patrimônio considerável. A jornada é longa e árdua. Com o excesso de responsabilidades, muitas vezes, começa a faltar tempo para se dedicar ao relacionamento. Com o desgaste natural do dia-a-dia, pequenos gestos afetuosos começam a ser deixados de lado. Surgem as primeiras crises e a descoberta de que não estão mais sintonizados. É difícil aceitar que depois de lutar juntos anos a fio, pode ser o começo do fim.

Luiz Cláudio, 55 anos, executivo e Beatrice, 53, pediatra, casaram em 1980 com o desejo de construir uma bela família e um patrimônio sólido. Decidiram arregaçar as mangas e ir à luta. Quando completaram 10 de casados, fizeram um balanço das conquistas e concluíram que já tinham casa própria, dois bons carros e um filho. Mas, faz parte do ser humano querer mais. Novos planos, novos sonhos. Comprar um apartamento de bom padrão na praia e uma chácara, no prazo de 10 anos. Novos cursos de especialização, idiomas e mão na massa... Pouco se viam durante a semana. A noite deitavam exaustos. No final de semana cada um fazia seu próprio programa e, aos poucos pareciam dois desconhecidos. Alguns anos mais tarde compraram a chácara. No entanto, antes de comprar o apartamento veio a separação. “Deixamos de fazer o óbvio, namorar. Manter a chama acesa”, conclui. Beatrice acabou se envolvendo com um colega médico e saiu de casa. Luiz Cláudio diz que correram tanto para construir um patrimônio e esqueceram de construir um lar, um ninho de amor. “Corremos atrás do ter e esquecemos do ser”, diz.

O que até então eram apenas sinais tornam-se diferenças acentuadas promovendo desencontros que levam ao abandono dos interesses comuns. A estrada parece não ser mais tão atrativa e cada um passa a ir atrás dos seus próprios objetivos.E na hora do questionamento acabam descobrindo que a vontade de atingir os objetivos era tão grande que não perceberam sinais claros que denotavam a falta de diálogo, cumplicidade, companheirismo e o excesso de individualismo.

Quando a chegada nos remete ao ponto de partida, constata-se que o resultado não proporcionou a satisfação da realização. Os sinais não foram percebidos e a compreensão declinada pelo afã de chegar. Alguns casais chegam juntos, mas frustrados e infelizes. Mas, a que custo? Sem contar que o resultado deixou a desejar. Uma viagem, muitas vezes, inútil onde esforços foram empregados na direção errada. Que triste constatação perceber que a rota poderia ter sido mudada, diante da insatisfação do outro.

A caminhada só tem validade quando a satisfação é mútua e a sensação de vitória é através de esforços consensuados. É fundamental estar antenado quanto aos desejos e anseios do parceiro e predisposto a mudar o rumo, se for o caso. Dar as mãos para sustentar o outro quando este porventura tropeçar e vice-versa, e ser flexível em detrimento da harmonia no relacionamento para que não seja preciso retornar ao ponto de partida e perceber que um tempo precioso da vida passou.

Na sua opinião, o que leva casais como Beatrice e Luiz Claudio a desistir do casamento quando conquistam os objetivos que tanto sonharam?

Marlene Heuser
Consultora de Relacionamento Amoroso e Interpessoal
Contato: marlene@marleneheuser.com.br
41-3274-2131

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